
Em um clima de profunda tristeza e indignação, familiares e amigos se reuniram nesta segunda-feira-feira (28/07) para o sepultamento de Clayton Juliano Silva, o mecânico de 38 anos que teve a vida tirada por um policial militar em um incidente de trânsito no neste domingo (28/07). A cerimônia foi marcada por forte comoção e unânimes pedidos de justiça para que o crime não caia no esquecimento.
O caso chocou a cidade de Mauá pela futilidade do motivo que teria levado à tragédia. Segundo relatos da família, Clayton apenas buzinou para pedir passagem no trânsito, o que teria irritado o policial militar Kaio Lopes Raimundo, de 32 anos. O desentendimento escalou rapidamente, culminando nos disparos que ceifaram a vida de Clayton e feriram seu sobrinho de 9 anos, que segue internado.

Edgar Rodrigues, amigo de longa data de Clayton, expressou a revolta e a dor dos presentes. “O que a gente sabe é que houve uma buzinada para cima de um motociclista, que era esse polícia militar, e ele não gostou. Pelo fato dele não ter gostado, ele atirou spray de pimenta dentro de um carro que estava cheio de família, o Clayton, a esposa, a mãe, uma criança de nove anos”, relatou Edgar, visivelmente abalado. Ele descreveu o ato como “terrível”, mencionando os quatro disparos que atingiram Clayton e a criança. “Até agora a gente não entende o porquê, o motivo que se passa na cabeça da pessoa, porque foi um ato, sabe, aleatório”, desabafou.
Edgar ressaltou o sentimento de impotência e insegurança que permeia a comunidade. “A gente pede justiça, né, que eu creio que já está sendo feita essa justiça, mas a vida do nosso amigo não vai voltar mais. E que, infelizmente, é o que está acontecendo com o nosso país. Muitas pessoas estão vivendo por isso, muitas pessoas têm a sua família destruída por causa de atitudes como essa, onde um policial acha que tem o direito de fazer esse tipo de coisa”, afirmou, pedindo que o caso não seja “acobertado”.
Versões conflitantes e investigação em andamento
A Polícia Civil investiga o caso como homicídio. O policial militar Kaio Lopes Raimundo compareceu espontaneamente a uma companhia da corporação após o ocorrido e, em seguida, foi levado ao 1º Distrito Policial de Mauá, onde prestou depoimento acompanhado de seu advogado. A Corregedoria da Polícia Militar também foi acionada e acompanha o registro da ocorrência. O agente permanece à disposição da Justiça.
Em seu depoimento, o PM Kaio Lopes Raimundo alegou que estava a caminho do trabalho e havia parado a moto para conversar com outro motorista. Ele afirmou que Clayton buzinou insistentemente e se aproximou de forma agressiva. O policial declarou que sacou a arma após o veículo de Clayton ser jogado em direção à sua moto e que disparou por acreditar que haveria algum tipo de reação. No momento do incidente, o policial não estava fardado e efetuou quatro disparos.
A versão da família, no entanto, contradiz a do policial. Os ocupantes do veículo afirmam que Clayton apenas buzinou e que o PM não gostou, efetuando os disparos que atingiram Clayton na nuca e o sobrinho na altura das costas. A criança, apesar do susto e do ferimento, está reagindo bem ao tratamento no Hospital Mário Covas.
A comunidade de Mauá e os entes queridos de Clayton esperam que as investigações sejam rigorosas e que a verdade prevaleça, garantindo que a justiça seja feita diante de uma tragédia que poderia ter sido evitada.
