A sessão da Câmara de São Caetano, que rejeitou nesta terça-feira (26/06) a revogação da taxa do lixo por 13 a 5, foi cercada de muita confusão. Alguns moradores foram impedidos de entrar no plenário e a GCM (Guarda Civil Municipal) os conteve com gás de pimenta. Durante a confusão, a jornalista Gislayne Jacinto, do ABCD Jornal, foi abordada e agredida por um GCM de nome Carmo. Ele virou o braço da repórter e queria apreender seu celular. O guarda afirmou que o serviria como “testemunha”.
O guarda só não concretizou o queria, porque moradores a puxaram novamente para o plenário. Mesmo assim, o GCM foi novamente até a jornalista para intimidá-la e falar que ia pegar seu celular como “prova”.
O líder do prefeito na Câmara, Tite Campanella , afirmou que esse tipo de comportamento não pode acontecer porque a imprensa tem direito de fazer a cobertura dos acontecimentos e ressaltou a questão da liberdade de imprensa e que o fato pode ser motivo até de sindicância caso haja solicitação.
O morador Daniel Valeriano também enfrentou gás de pimenta quando tentou entrar na Câmara e ainda pegaram seus óculos. “Estou indignado com o que aconteceu”, afirmou o morador que trabalhar com manutenção de ar condicionado.
Outro morador Daniel Lima, um dos manifestantes, disse que o movimento não perderá forças e continuará nas ruas para manifestar contra a cobrança. “Nunca houve uma mobilização forte como essa na cidade”.
Thiago Tortorello, também do movimento, afirmou que haverá reunião a partir de agora para traçar estratégias de como agir.
Surpresa
A grande surpresa na votação foi o fato de o vereador do PSDB Ricardo Andrejuk ser favorável ao projeto de iniciativa popular. “Entendo que 15 mil assinaturas de moradores é algo muito significativo. Consultei meu grupo de resolvi votar a favor”, afirmou o tucano que não comunicou ao prefeito José Auricchio Júnior (PSDB) sobre como seria seu voto.
O fato causou desconforto na bancada de sustentação. O vereador Sidão da Padaria (MDB) foi um dos mais nervosos com o posicionamento do parlamentar. O líder de governo, Tite Campanella, disse que houve orientação para votar contra, mas que não haverá punição ao vereador tucano. “Cada um tem seu livre arbítrio”. No entanto, o líder entende que a bancada deveria seguir unida “na alegria ou na tristeza”.
Os vereadores Chico Bento (PP) e César Oliva (PR) disseram que o governo perdeu a oportunidade de corrigir um problema que causou descontentamento na população. “Esse projeto colocaria fim a toda a polêmica em torno da taxa”, afirmou Chico Bento. “A população não pode pagar o pato por um erro do governo”, completou Oliva.
Arrecadação
A taxa do lixo vai gerar aos cofres públicos R$ 62 milhões neste ano, mas o governo vai mandar em agosto um projeto para reduzir os valores da cobrança. De acordo com Tite Campanella, atualmente há sete faixas e passará para dez. “Até meados de agosto deve ser votado”, afirmou o líder ao avaliar que há distorções em algumas cobranças e citou um amigo seu que tem um estacionamento e está pagando R$ 14 mil de taxa de lixo.
Para Jander Lira (PP), que votou a favor da revogação da taxa, o fato de o prefeito revisar a taxa é prova de que há problemas. “Vão fazer isso por conta da pressão popular”, concluiu.
Depois da sessão, manifestantes fecharam a entrada da Câmara e impediram a saída de vereadores e funcionários do estacionamento. Após vários discursos e manifestações, o local foi liberado.
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